terça-feira, 24 de novembro de 2009
Menina Faunesa-Mármore do Espírito Santo
Nessa escultura de 2002 tive como modelo uma menina então com 14 anos. Se fosse repetir essa obra hoje provavelmente não usaria modelo..Uma faunesa tem características especiais, não que essa menina não as tivesse, mas é evidente que um fauno tem emoções e desejos totalmente diversos dos seres humanos. Não sei bem porque, mas penso que consegui realizar uma escultura sem emoção alguma..Não que eu quisesse, mas na tentativa de neutralizar as emoções da menina acabei falhando com referência às emoções da jovem faunesa.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Os últimos dias de Atlântida.
Na verdade Atlântida não teve seus últimos dias, pelo menos estes não foram presenciados pelos seus habitantes..Os atlantes sabiam com décadas de antecedência o que iria acontecer com o seu poderoso império. A capital propriamente dita e o continente de Mu, foram paulatinamente sendo evacuados em todos os seu setores, incluindo as fazendas agrícolas nas planícies de Atlas.
A possibilidade de ter havido morte em massa é quase zero..Nem mesmo supostas classes pobres que não teriam tempo nem recursos para se salvarem podem ser relacionadas, pois estas não existiam em Atlântida..A miséria só foi conhecida na metrópole, quando houve invasões de povos bárbaros enlouquecidos pela fome..
A evacuação da população da cidade e do campo, deve ter sido uma operação fantástica..Sabemos que Atlântida se localizava perto do litoral então supomos que seus habitantes partiram em navios..
Imensos navios equipados com compartimentos para passageiros, carga e suprimentos foram utilizados..Provavelmente o número de pessoas excedia a dois milhões o que nos leva a crer que essa evacuação exigiu uns 5 anos para ser realizada.
Ao mesmo tempo que a capital atlante ia sendo esvaziada, colônias construídas em continentes distantes, iam sendo ocupadas..A população se espalhou rapidamente em diversas direções o que ocasionou a criação de diversas pequenas localidades e muitas delas originando grandes cidades conhecidas hoje.
Quando o desastre final devastou a imensa cidade, esta já estava abandonada há pelo menos 20 anos...Pequenos grupos de bárbaros, animais selvagens utilizaram por algum tempo a estrutura deixada pelos antigos moradores, mas mesmo eles não conseguiram suportar as constantes mudanças climáticas e tremores de terra que anteciparam o cataclismo que estava por vir. Quando aconteceu finalmente o que os sábios atlantes já sabiam, a sua magnífica cidade se encontrava em ruinas e tomada pelo matagal.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Dionysios ou Dionísio.
A maior divindade secundária da terra. Ninguém teve sobre o gênio grego uma ação mais fecunda. A partir de um certo momento, tudo na Grécia sofreu influência do deus do vinho. A arte, poesia, vida social e a religião têm estreitas ligações com esse deus "polêmico". São diversas lendas que lembram, seu nome e lhe dizem respeito..Cada canto helenico enriquece com um novo mito com as aventuras maravilhosas do deus que ofertou ao homem o mais doce presente, o vinho.
Gerador de força, consolador nas aflições o vinho foi fonte inesgotável de inspiração e alegria.
Filho de Zeus com a ninfa Semele, foi perseguido por Artemis. Não conseguindo asfixiá-lo ainda no berço por serpentes, atacou-o com a loucura. Cybele o curou.
Escapou diversas vezes da morte até conseguir tornar-se adulto.
Em sua volta encontrou Ariadne filha de Minos rei de Creta..havia sido abandonada pelo marido Teseu. Consolou-a e amou-a e subiu com ela para o Olimpo.
O culto a Dionysios propagou-se rapidamente.. Em Atenas celebravam-se o seu festival de outono, nas vindimas (Dionysiacas) se provavam o vinho novo.
Durante essas festas praticavam-se brinquedos de enganos e jogos engraçados, assim originando as comédias.
Roma adotou as Dionysiacas como Bacanais, entretanto o grosseiro modo romano não soube conservar as virtudes religiosas dessas festas e em pouco tempo as Bacanais transformaram-se em orgias degradantes e escandalosas.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Portal das Águas - Granito 2005
Como seria a relação entre o homem primitivo e os elementos da natureza?
Tudo ainda mesclado ao ingrediente religioso? Sem dúvida os principais
santuários eram constituídos de fontes ou nascentes.. Mesmo na pré-história
os seres humanos já entendiam a importância da preservação dos mananciais..
Talvez até entendessem mais do que nós, seus descendentes..
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Últimas notícias: Tensão política em Atlântida.
"O recém empossado Conselho Imperial se depara com o seu primeiro problema político em sua incipiente gestão.. O venerável lider, Conselheiro Télus de Mastrodir teve que tomar sérias medidas com relação aos povos bárbaros que atacaram diversas colônias de agricultores na planície de Táros..A questão fundamental é que o governo está de "mãos atadas" no que se refere à politica externa. Enquanto o príncipe herdeiro Tárc não puder assumir ao trono, os colonos das planícies distantes da metrópole continuarão à merce de ataques bárbaros que rondam as plantações em busca de alimento. O governo formado pelos tutores imperiais Nômia de Althor e Ridalc Mansir, não tem autonomia para liberar o exército num ataque em represália aos atos de vandalismo nas colônias. Enquanto isso o Conselheiro Télus foi obrigado a mandar um esquadrão da guarda do conselho contra os bárbaros..Essa atitude foi condenada com veemência, pois a guarda do conselho não está preparada para esse tipo de campanha..Por outro lado, os próprios tutores têm consciência de que não há alternativas.
Chegam notícias dos primeiros confrontos nos quais a guarda do conselho dizimou parte das tribos que acamparam em torno das colônias fazendo com que milhares de bárbaros sobreviventes buscassem fuga nas matas no outro lado do lago. Num primeiro momento, há um sentimento de alívio, entretanto, já se percebe rumores de que grandes hordas bárbaras se aproximam da planície de Atlas.. O que tudo indica é que em breve haverá novos confrontos.. Os ministros esperam que até lá haja um consenso e que sejam finalmente encaminhadas as medidas necessárias para proteção dos colonos.
Os governantes provinciais acreditam que somente esquadrões do exército imperial tenham força para conter essa nova ameaça.. Se o jovem príncipe não pode tomar essa decisão é hora dos tutores esquecerem as leis da tradição e tomarem para si essa responsabilidade"...
Era o que bradavam os arautos na praça central de Atlântida...
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O que faria se nascesse um....fauno??
Fauno Cantor. Mármore do Espírito Santo.
O que eu faria? Bem, em primeiro lugar eu não gostaria de nascer um fauno, mas um sátiro...Sem essa de mistura de bode com gente andar saltitando por aí..Ah não tem essa alternativa? Então tá!! um fauno. Está certo..!
" -Tu és um fauno..Te sentes como um fauninho elegante e alegre caminhando! toc..toc..toc..- Mas o que é isso? -Isso é o barulho dos cascos nas pedras!! Mas que coisa! até parece que estou de salto alto. Vamos fazer o seguinte, sem barulho de cascos tá..? Tá bem! Então tu és um fauno, mistura de bode com gente..(pensando) "Ainda bem que não é uma mistura de veado com gente". Um fauno muito simpático e popular, caminhando despreocupadamente num parque...-Num parque???? -Num prado quis dizer..! Verdes campos, flores e árvores frondosas.. Uma pequena cachoeira, chuá, chuá e um laguinho com cisnes e muitos peixinhos dourados. Meu!! estás te sentindo leve como uma pluma, a alegria toma conta de ti fazendo o teu rabinho balançar de tanta felicidade...e...-CHEEEEEEEGA!!!" (*&¨&%¨&*)*&...
Fauno é o teu pai...!! Pergunta pra ele se ele não quer sacudir o rabinho...?!!?GRRRRRRRRRR!
-Puxa vida! Não entendo! o fauno é uma figura tão simpática, bondosa e alegre que....hã? Se eu nascesse um fauno?? ME MATAVA!!
domingo, 8 de novembro de 2009
A viagem dimensional.
É quase uma instituição nas conversas sobre fenômenos inexplicáveis. Todos já ouvimos ou lemos sobre pessoas, animais e coisas que atravessam o tênue divisor cósmico entre as dimensões..Há casos em que até afirmamos com veemência ser de absoluta credibilidade. Entretanto, eu não imagino e nem conheci qualquer pessoa que explicasse, como isso se processa na prática. É possível? Não! é impossivel? Sim ou não?
Existe uma pequena confusão entre "viagem dimensional" e "viagem no tempo" são coisas completamente distintas. O tempo é "circular, sequencial ininterrupto" as dimensões são quadrantes espaciais e paralelos. Seria como se todos os espaços coubessem dentro do menor intervalo de tempo conhecido, ao mesmo "tempo".
Mas essa passagem de uma dimensão para outra, não seria exatamente a passagem da vida para morte e vice-versa? Se uma pessoa passa dessa dimensão para outra, poderá retornar? E ela teria feito essa viagem espontaneamente? Há relatos de desaparecidos
e ressurgidos em locais distantes.. Esses indivíduos em sua maioria, não conseguem explicar o que aconteceu e nem têm lembrança de onde estiveram.. Uma coisa é constante em quase todos relatos; "para eles o tempo não passou", no entanto para os que "ficaram" as horas, dias, meses e até anos continuaram voando.. Neste ponto a confusão entre os fenômenos se torna indestrutível..Será que estamos falando de viajantes dimensionais ou viajantes no tempo...Os dois? Não! O tempo não existe.
Tempo só funciona aqui na Terra... Fora dela....é só espaço dimensional..ou seja, dimensões.
E os portais para outras dimensões, existem mesmo?
Raga pela Divindade Suprema.
Solo de Sitarluth interpretando uma oração pela Energia Cósmica que rege o universo.
"Um Mantra pela proteção Divina"
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
O sonho que muitos gostariam de ter...
Caminhava por uma estradinha estreita ladeada por cercas mal cuidadas.. Sob uma neblina espessa, com o sentido de orientação prejudicado pelo sono..do sonho.
No ar um aroma ácido de frutas silvestres, misturadas ao odor forte de mato molhado pela cerração.. Não sei dizer se estava noite ou um dia em penumbra sólida causada por um sol ausente. Mas havia um rumo, um caminho aberto que se perdia de vista.
Não tinha razões específicas para andar, mas simplesmente andava. Precisava disso tanto quanto precisava do ar pesado que respirava...De repente ouvi um ruido que percorreu uma das laterais da estrada..Junto dele um arrepio de susto levantou os pelos da nuca, já não estava sonhando..em sonho e estava acordado..O ruido se parecia com o de uma bola pesada esmagando o capim seco, ou um lagarto pequeno tentando fugir de mim..Fiquei parado por alguns instantes na expectativa de ouvir novamente, mas o barulho não se repetiu..Continuei a caminhada, a partir daquele momento com a atenção redobrada..Como tudo se acalmou, pensei que minha imaginação estava muito aguçada. Alguns minutos depois;; novamente um barulho de passos, só que vinha da minha frente.. Pensei, agora não é minha imaginação..tem alguém andando por aí..além de mim.
Fui devagarinho meio agachado tentando me esconder na sombra. Estava com medo essa é a verdade, mas continuava caminhando. Até que de repente olhei para a frente e num pequeno aclive da estradinha estava parado com um chapeu estranho, um menino...Achei que era uma criança pelo seu tamanho diminuto.. Ao fundo uma luz tênue conferia à figura uma aparência nada amistosa... Levei o maior susto com o qual já sonhara em minha vida.
A neblina estava recrudescendo, o campo de visão cada vez menor, mas era possível distinguir claramente a silhueta angulosa do pequeno ser...Em princípio imaginei que estivesse Há uns dez metros de distância, mas me enganei.. o seu pequeno porte me dava essa falsa impressão..Seu chapéu pontudo era praticamente do seu tamanho. O "conjunto" inteiro não ultrapassava os 50 cm..Na verdade estávamos muito próximos ao alcance da minha mão..A luz melhorou um pouco, pude ver nitidamente o seu rosto..Apesar de uma barba longa e meio amarelada, tinha aparência jovem..Os seus olhos eram um pouco juntos e meio apertados como se sofresse de miopia...
Eu decidi falar alguma coisa, mas estranhamente minha voz não saiu, no entanto ele me respondeu ao que nada lhe perguntara, falou:
- Sei quem és e o que procuras!! com uma voz meio rouca..
- E o que eu procuro Senhor...? perguntei sorrindo tentando parecer amigo..
- Meu nome é Nathel!!! (nome inventado, pois no sonho não entendi quando ele falou)
- E estás procurando a tua vida!! continuou o homenzinho.
- Minha vida??? Perguntei tentando não rir.- Mas como alguém procura sua própria vida?
- Ninguém procura sua própria vida, pois ela está sendo consumida pelo tempo, enquanto acham que estão vivendo!!
- Então porque o Sr. disse que eu a procuro?
- Não é essa vida, mas aquela que não viveste! e digo que estás procurando no momento errado, do modo errado e no lugar errado!!
Fiquei sério olhando para o pequeno de chapéu engraçado..Na minha cabeça passava a ideia de virar as costas e voltar..Mas nesse instante me dei conta de uma coisa, eu já não estava mais no planeta.. Já não fazia parte daquele mundo que eu conhecera..
Comecei a ficar agitado e coloquei as mão nos bolsos notando que estavam cheios de água...O anão percebeu minha angústia e se aproximou sorrindo..
- Não há nada a temer, meu amigo! Estás fazendo o que tens que fazer e eu estou aqui para te ajudar!!
- E o que eu tenho que fazer?? E como vais me ajudar?
- Quando se tem um caminho para seguir, devemos apenas caminhar, nada mais! Entretanto temos que saber; o momento de partir, a direção a tomar e a velocidade que se deve andar!
- Então provavelmente não acertei nenhuma das três condições! Respondi abrindo os braços ao longo do corpo e deixando-os cair num barulho abafado.
- É verdade! redarguiu o baixinho com uma gargalhada.. - Mas estou aqui para isso, para te iniciar nessa nova vida!
Não sei porque mas aquilo não me surpreendeu nenhum pouco..
- Em primeiro lugar não estás na direção correta, vem comigo, vamos voltar por aquela trilha ali à tua direita!
- Mas não tem nada ali...! Calei em seguida, pois ao olhar na direção apontada pelo "gnomo" vi com muita clareza um caminho que estava mais para uma trilha escura e pedregosa..Ao lado imediatamente se abriu uma estrada larga iluminada e muito bonita...Fiquei olhando um pouco e voltei os olhos para Nathel..
- Então meu caro, qual o caminho escolhes? Perguntou ele sorrindo..
- Eu escolho o caminho estreito e cheio de pedras! respondi me achando esperto..
- É mesmo? Mas por que?
- Sei lá!! sempre quando vejo este tipo de pergunta a resposta é o caminho mais difícil!!
- Mas que coisa maluca!! Foi isso que te ensinaram durante todo esse tempo na Terra?
- É! Na verdade é isso que ensinam para responder!!
- Bem, eu não te culpo então! Mas não é esse o melhor caminho, podes ter certeza..Se escolheres o caminho mais difícil, não poderás exigir de ti mesmo um resultado satisfatório!!
- Sim mas, esse outro caminho é muito fácil!
- E quem disse?
- Tu mesmo disseste que o outro é mais difícil, ué!!
- Sim mas não disse que este é mais fácil..
Comecei a achar que estava perdendo meu tempo com aquele homúnculo doido..Com as mãos para trás me dirigi então para a estrada iluminada..Dei umas passadas largas com a intenção de me afastar de Nathel.. Mas o cara era tão chato que estava sempre na minha frente, e eu quase pisando na sua casaca ridícula..
- Hummm! escolheste o caminho certo, meus parabéns! mas não é correndo que vais chegar ao teu destino!!
- Ah! meu saco!!! Quem é que está correndo??
- Lembras que te falei que o modo como procuravas estava errado?
- Então como devo agir? Perguntei com as mãos cruzadas atrás da cabeça...
- Com cuidado, meu amigo! muuuito cuidado!!
Instintivamente comecei a andar bem devagar e Nathel ao meu lado assoviando uma canção desconhecida..
A estrada se tranformou. Mudou tudo, agora era um escadaria imensa com degraus altos..Eu tinha dificuldade para transpô-los e maldosamente fiquei imaginando o meu parceiro. Mas qual não foi minha surpresa, o baixinho sobrevoava os degraus e rindo da minha cara ainda...
- Ei olha só a escada acabou! Finalmente! Exclamei exultante..
- Então está na hora de descansarmos!
- Mas já? Eu não estou cansado!
- Eu sei, mas precisamos ganhar tempo!
- Essa é boa! Tempo é o que mais temos aqui, não é?
- Eu tenho! Mas tu não tens tempo algum!
Naquele exato segundo, "o sonho acabou". Espero sinceramente sonhar de novo com Nathel..Afinal ele ficou me devendo algumas explicações...
domingo, 18 de outubro de 2009
O mito necessário.
Se o mito não fosse necessário, um povo sofisticado como o grego por exemplo, não perderia seu precioso tempo criando uma verdadeira rede de intrincadas teceduras que compõem a sua mitologia. O mito reflete o homem real nas suas variadas formas e exigências. Estabelece parâmetros e limites que satisfazem à sociedade em suas peculiaridades...Sob o aspecto moral, social e psicologico o mito é um exemplo a ser seguido. Sem ele as próprias leis não teriam tanto efeito sobre o individuo.
E isso acontece até nos dias de hoje. O homem moderno tem a mais complexa gama de leis e códigos de diversos tipos que existiu em toda história... Entretanto, para que toda essa "parafernália" funcione razoavelmente, lançamos mão de crenças em religiões e tabus das mais variadas espécies...A mitologia moderna não tem limites e cresce diariamente...Em cada segundo são acrescentados novos elementos que julgamos ajudar em nossas decisões diárias. Milhões de pessoas nos cinco continentes dividem-se entre as suas crenças e seus deveres cívicos, igualzinho ao que acontecia há alguns milhares de anos. Se acreditar em algo divino e fora de nosso controle não fosse necessário, certamente não gastaríamos tanto tempo e dinheiro nisso.
domingo, 4 de outubro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Semelhanças. Escultura olmeca em basalto
Cada vez mais creio numa origem única para todas as civilizações antigas.
Os motivos pelos quais estas se desenvolveram em regiões distantes umas das outras são absolutamente irrelevantes. Basta vermos as semelhanças visíveis entre a escultura Olmeca e a Chinesa para termos absoluta certeza que as origens destas civilizações tão distantes estão mais próximas do que podemos imaginar.
Mas quais seriam essas origens? Esta pergunta não será respondida tão facilmente. Provavelmente submersa nas sombras dos tempos, tal como Atlântida jaz invisível aos olhos dos céticos.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
As lágrimas de Obirici.- Escultura de Mário Arjonas
Somente uma lenda índigena poderia criar um conceito com tamanha pureza sem perder a sua força. As lágrimas da jovem índia pela perda de seu amado, jorraram criando um córrego sobre as areias finas que separam o sonho da ignóbil realidade.
Hoje esse riacho segue seu curso carregando em suas águas a poluíção gerada pela ignorância urbana. Perto daqui, onde agora escrevo esse lamento, as águas do Passo D'Areia jazem perdidas entre prédios de ricos intolerantes e pobres tolos perdidos entre shoppings. Ávidos mercadores do sonho consumista.
Linda, a jovem Obirici ainda chora uma dor eterna.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Leda e o Cisne.
A formosa Leda seria supostamente apenas mais uma beldade da mitologia grega, não fosse o seu destino marcado por acontecimentos de extrema importância. A bela estava de casamento marcado com o rei de Esparta Tíndaro. Até aí tudo corria às mil maravilhas. Porém a vida da jovem, bem como, os acontecimentos que se seguiriam não estavam tão bem acomodados assim.
Leda descansava em seu belo jardim particular, rodeada de ninfas e jovens amas aproveitando o que a vida de uma futura rainha pode proporcionar. Quando menos esperava foi subitamente tomada de um calor intenso que subia de seu ventre corando as faces como se estivessem queimando. Olhou envergonhada para todos os lados e surpreendida não viu mais nenhuma das suas servas. Levantou-se rapidamente deixando os leves véus desnudarem seu lindo corpo.
De repente ao seu lado um enorme cisne abria as asas apontando seu sexo em sua direção. Leda jamais havia visto uma ave tão bela e de forma nenhuma, tão viril. Porém essa enorme ave era ninguém menos que Zeus em seu zoomórfico disfarce. A incauta virgem não pode resistir ao poderoso e erótico deus. Antes que pudesse cobrir-se de vergonha entregou-se à ave libidinosa com profunda excitação.
Dessa união amorosa nasceram quatro ovos que mudariam a história mitológica. Desses, os dois varões Cástor e Pólux, heróis invencíveis de muitas guerras e laureados discóbulos olímpicos. De outro ovo nasceu simplesmente Helena. Helena de Tróia que jamais foi de Esparta. E do último ovo nasceu a bela irmã de Helena, Clitemnestra a verdadeira esposa de Agamenon. O fato de Helena ter voltado para Tróia foi usado por Homero como o grande motivo em seu poema épico. Mas isso é outro capítulo dessa aventura que merece ser contada.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
O ladrão de deuses. Armadilhas
Há 25.000 anos os seres humanos viviam ainda de forma desorganizada como sociedade. Apesar de haver , mesmo que de forma embrionária, um certa hierarquia tribal. Na parte mais intimamente ligada à religião era onde se ressentiam de forma mais latente da falta de uma autoridade máxima. Na verdade existia um certo clérico, porém não havia credibilidade suficiente em apenas uma pessoa da tribo. Quem conseguisse de certa forma atrair a atenção do restante se transformava na figura mais poderosa da comunidade, mesmo que temporariamente.
As tribos eram pequenas. Não se pode dizer quantas pessoas exatamente faziam parte das "aldeias", porém baseados em vestígios, alguns cientistas afirmam que não ultrapassava o número de doze, no máximo dezesseis indivíduos. Com tribos tão reduzidas, a ideia de uma liderança não parece algo tão ilógico. Realmente alguém se tornava lider, geralmente o mais forte que conseguia submeter os outros machos. Na verdade as tribos eram quase uma família. O patriarca mais forte era o responsável pela sobrevivência de todos.
O problema realmente acontecia quando se tratava dos deuses.. Não há como dizer se o mesmo deus era cultuado por todas tribos de uma região. Provavelmente deuses diferentes praticavam os mesmos milagres. A proximidade da tribos favorecia a mistificação dos eventos naturais ao mesmo tempo. A principal tarefa do deus de uma tribo era protegê-la das catástrofes que ele mesmo produzia. Quando esse deus conseguia proteger a tribo sem nenhuma tragédia, ele era considerado o "deus supremo".
Um deus de outra tribo próxima não sendo tão competente sem dúvida perderia a fé dos seus protegidos. Aí a solução seria "importar" o deus dos vizinhos. E isso era realmente executado.
Um componente da tribo teria supostamente o poder de roubar o deus supremo de outra tribo.
Para isso ele contava, além de seu talento natural, com uma "armadilha para deuses".
Decididamente a função de capturar um deus não deveria ser nada fácil. O ladrão deveria sair de sua caverna durante uma noite específica, talvez escolhida pela fase da lua. Chegando na caverna da outra tribo ele teria que armar a emboscada e esperar que o incauto deus caisse nela. Como ele fazia isso? Muito simples. Ele esperava a noite criada pelo deus supremo fosse embora. Nesnte exato momento o deus mudaria sua aparência transformando-se de sombra em luz. Essa luz chegaria de qualquer forma até o interior da armadilha. Quando a armadilha estivesse cheia ele ia depressa até o local e recolhia todo o apetrecho com um deus em seu interior.
A parte singular dessa estória, é que os vizinhos teriam que saber do roubo de seu protetor. Caso contrário, o mesmo não teria o efeito desejado pelos ladrões. Cabia ao chefe da tribo que fizera a captura anunciar com pompas e circustâncias que o deus deles agora pertencia à sua tribo.
O ladrão bem sucedido era considerado um ministro dessa divindade. Era tratato como tal e provavelmente com status de autoridade religiosa. Bem, pelo menos até o tal deus não ser capturado por outra tribo ou até pela mesma que foi anteriormente roubada.
Parece fácil né? Simplesmente um chefe saía de sua casa e anunciava que o deus de tal aldeia foi capturado. Só que não era tão simples assim. O deus "realmente teria que ser aprisionado pelo ladrão de deuses".
sábado, 15 de agosto de 2009
Marte. Um antigo lar?
Segundo alguns cientistas, Marte não é o único planeta com história semelhante. Assim como o nosso vizinho vermelho, há possivelmente centenas de milhares de mundos muito parecidos com ele. Como também deve haver outras tantas centenas de planetas semelhantes à Terra. Ainda segundo alguns estudiosos, Marte teria sido muitissimo parecido com a Terra. Hoje sabemos que somente a Terra pode hospedar a vida humana, isso no nosso sistema é claro. Entretanto dizem que Marte ostentava uma belíssima cobertura vegetal com direito aos mares e oceanos, rios, florestas e talvez "vida inteligente". Vão mais longe ainda esses cientistas, dizem que seria uma réplica fidedigna do nosso amado lar terráqueo. Talvez um pouco menor. A conclusão mais lógica é que "Marte foi um dia o que a Terra é hoje, e a Terra será um dia o que Marte é agora".
Sem querer fazer frases de efeito, mas acho que isso é uma coisa quase certa. O problema é que nunca iremos saber. Aliás a humanidade não foi convidada a compartilhar da festinha organizada no universo. Infelizmente teremos ido embora alguns milhões de anos antes.
Suposições aqui e ali são possíveis todas as alternativas. Uma delas contempla a teoria da origem humana de forma magnífica. " Seres humanos que habitavam Marte sabiam com muita antecedência tudo o que iria acontecer com o seu planeta. Nós também sabemos, só que não vamos fazer absolutamente nada para evitar, mas os "marcianos" fizeram. Assim munidos de uma tecnologia milhares de vezes maior que a nossa, os nossos antepassados sairam em busca de um novo planeta que tivesse as mesmas condições do seu. Antes de aqui chegarem vagaram pelas distantes galáxias entregues nessa busca. Enquanto isso, seu velho planeta ardia em chamas entregue à própria sorte. Qual teria sido a razão que fizeram os marcianos adiarem a sua chegada à Terra? A mais provável é que o nosso mundinho ainda estava em condições nada propícias para a vida humana. Não dá para saber o tempo que isso durou mas deve ter sido muito, mas esse dia chegou. Então estamos aqui, garbosos descendentes de marcianos. A teoria não explica por qual motivo nossos ancestrais se mostram através da história como uma espécie em evolução. Pois por mais que possamos imaginar, a espécie humana que aqui chegou era menos que primitiva. Mas como é apenas uma teoria, assim ficará".
terça-feira, 19 de maio de 2009
Hefestos. Arte e sofrimento.
Hefestos ou Hefaistos foi o primeiro artista frustrado que se tem notícia. Realmente um sujeito sem sorte. Ao nascer da deusa Hera, foi imediatamente abandonado pela mãe que se decepcionou ao vê-lo aleijado. Assim sendo ainda um bebê foi banido do Olimpo.Mas apesar de sua aparência grotesca e toda a sua tendência ao azar, Hefestos possuía muitas qualidades. E Assim que começou a andar já demonstrou uma grande aptidão ao trabalho e às atividades artesanais. Ainda adolescente recebeu de Zeus a encomenda de modelar uma bela mulher em argila. A sua sensibilidade e talento artístico fizeram com que de suas enormes mãos nascesse a belíssima Pandora.
A formosa jovem recebeu dos deuses todas a graças possíveis. Do gigante disforme Hefestos, recebeu um belo corpo, de Afrodite a beleza eternamente juvenil, de Apolo o talento para a música e poesia e finalmente de Dionísio recebeu a alegria de viver. Entretanto teria ainda algo reservado à linda moça. Zeus em sua dúbia bondade ordenara a Hefestos que forjasse uma caixa e lhe entregasse antes que Aurora alcançasse a planície em sua corrida sem fim. Hefestos trabalhou em companhia do seu fogo durante aquela noite. Antes que sua irmã Aurora passasse pelo seu atelier subiu o Olimpo e depositou aos pés do grande rei, a pequena caixa ricamente adornada.
Zeus sorriu e de tanta gratidão entregou ao artista coxo a mais bela mulher do universo para que este a desposasse. Ninguém menos que Afrodite caía nas mãos do tosco ferreiro.
Com essas ações, Zeus colocou a humanidade sob a sua satírica experiência. Acabava de criar juntamente com Pandora, aquilo que homens e mulheres jamais se livrariam, a curiosidade. E ao juntar dois seres tão diferentes, a deusa da beleza e um monstrengo claudicante, Zeus condenou todos o mortais a escolherem entre o sacrifício da vaidade ou a infidelidade. Uma eterna dúvida que até nos dias de hoje atormentam muitos casais.
Hefestos continuou seu eterno martelar forjando coisas e pessoas. Afrodite lhe traía diariamente. Ela era a Deusa do amor e da beleza, jamais poderia sacrificar sua vaidade, preferiu traír o pobre aleijado. As duas obras primas de um artista frustrado, lhe valeram eterna humilhação e sofrimento.
sábado, 2 de maio de 2009
Sete Povos das Missões - O Mito Guaraní
Qual teria sido a verdadeira motivação para dois inimigos históricos esquecerem todas as diferenças e unirem-se para atacarem um terceiro inimigo? Que poder imenso possuía este, ao ponto de Portugal e Espanha juntarem seus exércitos?
As duas potências não temiam o poder bélico de um exército de indígenas. Nem poderiam temer, meia dúzia de missionários que estavam mais preocupados em disseminar a fé cristã, do que qualquer outra coisa. O maior temor que os reis de além mar tremiam só de lembrar, era o poder de uma idéia nova que surgia naquelas terras distantes.
A estrutura de uma sociedade na época, não passava de feudalismo disfarçado em monarquia. Entretanto do outro lado do Atlântico, emergia das pampas e das savanas sul americanas uma sociedade altamente desenvolvida. Uma sociedade cheia de realizações tanto no campo filsófico, como no industrial. Baseadas na produção agropastoril, as Reduções Jesuíticas agregavam um desenvolvimento tecnológico sem similar no velho mundo. Juntamente com a metalurgia, floreciam uma produção artística e uma completa estrutura educacional comparáveis às existentes na Europa.
Essa idéia deveria ser eliminada totalmente. Não somente estirpada, mas sepultada em todos os níveis. As duas potências pressionaram a Igreja que por sua vez decidiu pela morte de todos os padres e índios missioneiros. A participação dos Cardeais foi decisiva, pois eles forneceram a localização das Reduções em detalhes.
Canhões e mosquetes contra lanças e flechas de madeira. Resultou em mais de 500.ooo indígenas, entre adultos, velhos e crianças "selvagemente" trucidados.. O episódio só se compararia à última das guerras Púnicas entre Roma e Cartago. Tal como a grande capital de Aníbal, as reduções foram destruídas, seus rebanhos e plantações saqueados e muheres com crianças mortas como se fossem animais no abate. Nada, além de ruinas sobrou para que a história fosse contada. O sonho de uma sociedade democrática somente voltou a ser ventilado 150 anos depois. A civilização Guaraní vive na memória do sul do Brasil. Os sete Povos das Missões guardam suas ruinas como uma bandeira que nunca mais foi hasteada.
terça-feira, 28 de abril de 2009
Labirintos. Os mistérios da alma.
Rocha com labirinto pré histórico gravado no lado direito.
As civilizações antigas tinham uma ligação especial com os labirintos. Em muitos relatos se encontra gravado a estreita afinidade que havia entre os labirintos e os mistérios da alma.
Muito antes das civilizações clássicas estamparem as suas marcas no mundo, o homem ainda em estado rude já atribuía poderes aos labirintos. Estes diagramas eram conhecidos como o mapa do universo interior, seja, a alma. Mesmo sem conhecer profundamente o espirito humano, este homem civilizado precariamente sentia profunda necessidade de expressar seu pensamento.
Muitas revelações ficaram enigmaticamente gravadas nos mais diversos diagramas antigos.
A grande maioria destes labirintos pré históricos, ainda não foi decifrada. Não sabemos como eram criados, nem porque. A razão que levava um homem primitivo ao ponto de despender parte de sua existência esculpindo imensos desenhos circulares ficaram perdidas no tempo. Gráficos cheios de intersecções, até pequenas pedras que provavelmente eram usadas como amuletos, estão espalhados nas quatro direções do planeta.
A associação dos labirintos com mandalas não chega a ser uma certeza. São diferentes em sua síntese. As mandalas segundo se sabe, têm ligação com o universo exterior. Sua finalidade tem origens na necessidade do homem em harmonizar-se com o cosmos. Já os labirintos estão estritamente ligados ao autoconhecimento. Os segredos e mistérios da alma humana ficaram planificados nestes desenhos enigmáticos.
domingo, 26 de abril de 2009
Equivalência da Mitologia Grécia e Roma.
Em Grego- Em Latim
Afrodite- Vênus
Ares - Marte
Ártemis- Diana
Asclépio - Esculápio
Atena - Minerva
Clóris - Flora
Cratos- Poder
Cronos - Saturno
Deméter- Ceres
Dice- Justiça
Dionísio Baco
Eos - Aurora
Éris- Discórdia
Eros- Amor
Eunomia - Disciplina
Fanes- Luz
Filótis- Ternura
Fobos- Medo
Ftono- Inveja
Gaia- Terra
Hados- Plutão
Hades - Inferno
Hefestos- Vulcano
Hélios- Sol
Hera - Juno
Héracles - Hércules
Hermes - Mercúrio
Hipnos - Sono
Nike - Vitória
Nix - Noite
Ponto - Mar
Poseidon - Netuno
Psiquê - Alma
Réia - Cibele
Selene - Lua
Tánatos - Morte
Têmis - Justiça
Tique - Acaso
Urano - Céu
Zeus - Júpiter
domingo, 12 de abril de 2009
Tánius de Máldor- O último xamã.
O silêncio tomou conta do templo das divindades. Somente o ruido dos passos de Ridalc e Tánius podiam ser ouvidos. Sob a luz bruxuleante das piras, os dois homens se aproximaram do altar.
Tánius sabia que todo esse ritual só era executado em função da tradição que reinava em Atlântida. As tradições mantinham as pessoas ligadas de alguma forma ao seu passado. Apesar da religião já não sustentar certas crenças, aquele ritual fazia parte da identidade cultural do povo atlante. O jovem observava o velho xamã realizando os passos e proferindo palavras que ninguém ali presente sabia o verdadeiro significado. Tánius sabia que aquelas palavras não tinham sentido prático, pois não iria acontecer nenhum prodígio e tudo terminaria em alguns minutos com a passagem do posto.
Entretanto Ridalc continuava numa espécie de transe e aquilo era sincero. De repente as labaredas das piras pararam a sua dança. A luz diminuiu. As chamas perderam o seu brilho natural pareciam estar apagadas porém acesas. Houve um murmúrio contido entre a multidão. Tánius já tinha ouvido falar desse fenômeno, mas nunca havia presenciado. As chamas mantinham-se retas acesas mas não iluminavam.
Os dois homens ficaram frente a frente. Ridalc ordenou que Tánius se ajoelhasse, ele assim fez.
Em seguida o jovem sentiu um líquido oleoso cobrir a sua cabeça e parte do seu corpo. Era a libação que fazia parte do ritual. Ainda pronunciando palavras ininteligíveis Ridalc ia derramando o líquido de uma ânfora de jade. Quando todo o conteúdo foi derramado as chamas instantaneamente voltaram ao seu brilho normal. Novamente um murmúrio tomou conta do local, o próprio Tánius sentiu o corpo mais leve e seus olhos brilhavam intensamente.
Ele não podia explicar a si mesmo o que estava sentindo. Jamais havia sentido algo semelhante. Uma espécie de desapego às coisas terrenas, ao mesmo tempo um amor incontrolável por tudo que existia no mundo e por todas as pessoas que nele habitavam. Sem saber como reagir, começou a chorar. Ridalc olhou para o moço sorrindo exclamou:
_Agora és o xamã, meu filho! tudo isso que estás sentindo, será a tua principal arma na luta contra o destino cruel que ameaça o nosso povo. E esse estado de graça durará por toda a tua vida. Mas terás que aprender a controlá-lo. O Jovem assentiu baixando a cabeça.
Os dois voltaram pelo corredor das divindades. O povo em volta das imensas colunas aplaudiam intensamente. Tánius ainda sentia aquela elevação cada vez mais forte. Caminhava, mas não sentia os seus pés tocando o solo. O seu estado de felicidade era tanto que tinha vontade de abraçar a cada uma das pessoas que ali estavam. Sentia um amor imenso e verdadeiro por cada ser vivo, por cada porção de matéria que compunha o universo. Ele era o próprio universo.
Tánius de Máldor. O último xamã.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
O ritual de iniciação - O altar de Tármia com as piras em chamas.
Tánius seria o último Grão ministro de Atlântida. Para essa iniciação foi preparado o antigo templo das divindades. O templo ficava bem no centro da imensa colina que segundo antigos atlantes foi o berço da grande cidade. Ninguém sabia dizer a idade deste templo, nem mesmo Ridalc, o atual Grão ministro. Para os cidadãos de Atlântida isso tudo era o que menos importava. O importante mesmo é que Tánius, um de seus jovens mais brilhantes, seria finalmente iniciado com o novo comandante espiritual do império.
O que ninguém da parte deste povo sabia é que esse ritual seria o último da história de Atlântida.
Dentre os que já estavam previnidos somente alguns estavam presentes na cerimônia. O sábio Nômia era um deles. Enquanto a maioria dos cientistas permanecia diuturnamente na universidade tentando encontrar uma forma de salvar a grande cidade do cataclismo que se aproximava. Eles sabiam que não poderiam salvar quase nada do esplendor da magnifica cidade, mas tentariam salvar um pouco daquilo que ela possuía de melhor: que era uma classe de cientistas, artífices, filósofos e magos, todos brilhantes e que poderiam num futuro próximo reerguer a grande Atlântida em toda sua magnitude.
O Ritual.
Indiferentes a tudo isso, os músicos iniciaram uma melodia enlevadora que parecia acariciar as pedras antigas do templo ainda às escuras. Duas jovens bailarinas entraram pelo corredor das divindades carregando tochas flamejantes. Ao chegarem defronte ao altar de Tármia acenderam as quatro piras. O efeito foi surpreendente. Ao som de tambores pesados e suaves solos de flautas as duas meninas desenvolveram a sua graciosa dança. Na medida que evoluíam em seus movimentos, os tambores aumentavam o rítmo causando uma vertigem nos espectadores. As jovens saltavam e giravam como se ignorando a gravidade. A leveza era tal que mais pareciam duas mariposas noturnas buscando a luz das piras. A dança fantástica previamente preparada por Ridalc, era apenas o início do ritual. O grande xamã desceu o lance de escadas que levavam ao corredor das divindades. Vestido com sua toga branca, o pequeno homem mais parecia um gigante em contraste da luz proveviente das tochas.
Ridalc levantou os braços, imediatamente a música cessou. O final da dança foi maravilhoso, as duas meninas num salto acrobático quase atravessaram a extensão do corredor pousando suavemente no chão milenar do templo bem na frente de Ridalc que as recebeu com um sorriso benévolo. As bailarinas se olharam e sorriram ofegantes e felizes por haverem proporcionado um espetáculo fantástico.
Ridalc e Tánius se encaminharam em direção do altar. Chegara o momento mais esperado. Se iniciaria o último Grão ministro e xamã de Atlantida.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Marajó - Civilização perdida.
Em torno de 400 a.C. se estabeleceram na ilha de Marajó os primeiros cacicados formando concentrações complexas até aproximadamente 1000 d.C. Na altura de 400 d.C. a civilização marajoara estava em seu auge, concentrando uma população considerável e com hábitos organizados. Comparando-se com as tribos indígenas que se espalhavam pelo Brasil pré Cabral, a sociedade marajoara era infinitamente mais desenvolvida. Além de uma religiosidade complexa medida através de sua relação com os mortos em rituais funerários, os Marajós foram a única sociedade antiga no Brasil que desenvolveu uma linguagem escrita.
Os pajés eram encarregados da passagem dos mortos para o outro mundo. A sociedade comandada pelos caciques, organizavam as mumificações em urnas funerárias altamente sofisticadas. A cerâmica marajoara possuia características técnicas que exigiam um desenvolvimento artesanal altamente sofisticado. Essas urnas funerárias eram verdadeiras obras de arte em acabamento e elaboração. Além disso os caracteres gravados possuiam também a função de escrita.
A Dra. Denise Schaam alerta para detalhes importantes na confecção das urnas. Em primeiro lugar a qualidade da cerâmica era surpreendente, além disso havia o acabamento artístico que exigia um apuro técnico muito alto, transformando as peças em verdadeiras obras primas.
Há um indício que os caracteres gravados no exterior das urnas contavam parte da história da civilização marajoara e também da múmia que jazia em seu interior.
Infelizmente "ainda" não foram encontrados vestígios de construções de templos ou algum prédio um pouco maior do que uma oca. Além dos aterros funerários, nada indica até agora que essa civilização tecnicamente avançada, nunca passou das tabas que tão bem conhecemos em todo o Brasil.
Mas provavelmente essa sociedade mereceria um estudo aprofundado, talvez até um pouco de poesia. Uns relatos mais românticos, tipo algumas estórias destes primeiros núcleos organizados do Brasil.
Fonte: Cultura Marajoara pela Dra. Denise Pahl Shaam.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
O vento quente de Ormuz
Ainda criança conheci a existência desse fenômeno! Em princípio imaginei que fosse uma invenção ou folclore. A razão de não acreditar está no lugar onde li a estória: "As viagens maravilhosas de Marco Polo".
Pensei até que fosse uma criação da autora deste livro. Entretanto, depois de décadas fiquei sabendo que esse vento é verdadeiro e é um fenômeno natural nas margens orientais do golfo Pérsico . E no estreito de Ormuz situado entre o arquipélago de Qushm e o continente asiático,
este efeito é surpreendente. A explicação para essa atividade existe, mas é muito extensa, portanto não me deterei nela. Quero enfatizar o lado mítico e fantástico do assunto, que moveu as mentes criativas de contadores de estórias, dentre estes o próprio Marco Polo.
Vou transcrever fielmente a parte do livro que li pela primeira vez aos 10 anos que só fui acreditar 20 anos mais tarde.
As Viagens Maravilhosas de Marco Polo-Lúcia Machado de Almeida.
O Vento Quente de Ormuz
" De Xiraz, a caravana desceu em direção a Ormuz no golfo Pérsico, onde Nicolo e Mafeo Polo tencionavam comprar marfim. Naquele porto, centro do comércio de pérolas e dentes de elefante, fazia um calor tremendo. Ao entrarem na cidade, pela manhã notaram uma coisa inexplicável; não havia absolutamente ninguém nas ruas. O mercado estava deserto e as casas pareciam desabitadas. Que mistério seria aquele? Os Polos dirigiram-se ao porto para ver se havia algum navio ancorado. De repente começou a soprar um vento quente, tão quente que fazia lembrar o vapor desprendido de uma chaleira em ebulição.
_Saltem n'água! Saltem n'água! gritaram muitas vozes a um tempo.
Donde viriam? Marco olhou para o mar e viu milhares de cabeças humanas que de vez em quando apareciam fora d'água, mergulhando outra vez. O vento ardente como fogo continuava a soprar queimando-lhe o corpo.
Donde viriam? Marco olhou para o mar e viu milhares de cabeças humanas que de vez em quando apareciam fora d'água, mergulhando outra vez. O vento ardente como fogo continuava a soprar queimando-lhe o corpo.
_Vamos para a água, não há outro jeito! exclamou Nicolo.
Num segundo tiraram as roupas e saltaram no mar. Só por volta do meio dia o estranho vento diminuiu. Quando passou completamente, o povo todo saiu da água e cada qual retornou às suas atividades. Os Polos souberam então que esse fenômeno era frequente em Ormuz e que o único modo de não morrer queimado era permanecer dentro do mar ou de uma lagoa, mergulhando o maior tempo possível.
Depois de fazerem bons negócios, os venezianos prepararam-se para reiniciar a jornada em direção a Pequim. A caravana aumentara, pois fora acrescida de alguns mercadores que se dirigiam a Caracorum. Eram ao todo dezoito homens e vinte camelos."
sexta-feira, 13 de março de 2009
Nova Era - Início ou fim?
A humanidade encerrou a sua trajetória no planeta?
Se pensarmos friamente sem lançarmos mão das bengalas psicológicas, tudo nos leva a crer que a resposta é ..sim! Há estudos que nos alertam que em 2030 a superfície da Terra estará de tal forma modificada que a sua rotação sofrerá sensíveis alterações.. Para qualquer alteração exercer modificações em relação a um sistema extremamente preciso e complexo, não tem que ser necessáriamente uma mudança de grandes proporções. Basta um milionésimo de segundo para estabelecer uma reação catastrófica. Também por volta de 2030 a poluição e o crescimento geométrico da população mundial, colocarão a sobrevivência da espécie humana sob riscos imediatos.
Se realmente quisermos raciocinar sinceramente sobre a nossa sobrevivência na Terra, seremos obrigados a admitir que não chegaremos a 2030. As previsões advindas dos estudos apesar de parecerem alarmistas ou pessimistas, são na verdade muito condescendentes. Aparentemente não há nada que possamos fazer para reverter este processo, resulta disso apenas uma conclusão: Não chegaremos a este ano previsto, 2030.
Há alguns indícios e fortes suspeitas que o fim da humanidade se dará em 21 de dezembro de 2012; dados retirados de estudos realizados em vários calendários antigos, dentre eles mais requisitado o Maia. As análises realizadas deram conta de haver um final para os tempos que seria exatamente nessa data. Ocorre que esta data é o final dos calendários o que não garante que também será o fim do mundo. Aliás do mundo não, somente as raças humanas. Há profecias inclusive no calendário Maia que trata do assunto, mas as hipóteses sobre a data podem variar em milhares de anos. Exemplo: 2012 pode ser 2102 ou 2201 ou 20.102 e também a possibilidade de somar toda a data daí teríamos um número realmente interessante 2.112.201,2.
Convenhamos é muito tempo. Não penso que a humanidade irá durar tudo isso, mesmo porque eu tenho certeza que as mutações serão inevitáveis e provavelmente uma nova raça humana habitará a Terra e outros Planetas.
Acho que a humanidade passará incólume pela data de 2012. Entretanto por 2030 a coisa realmente será muito complicada.
terça-feira, 10 de março de 2009
"Machu Picchu - Alguém atrás da porta".
Parte um.
O tempo não estava muito bom, mas isso não desanimaria Hiram Bingham. Mas já eram 10 horas da manhã quando ele decidiu sair de sua tenda, plantada no coração dos Andes peruanos. Caía uma chuvinha fina, naquele 14 de julho de 1911. Na noite anterior, o taberneiro do lugar, se é que se pode atribuir tal nome ao dono de um estabelecimento tão humilde, inflamara a imaginação do explorador ao mencionar a existência de ruinas incas nas vizinhanças. E agora aquele homem alto e pensativo observava a torrente ruidosa que a água da chuva acumulava no fundo do cânion formado pelo Rio Urubamba, mas não parecia muito otimista. Inúmeros relatos similares já o haviam colocado em lugares nos quais só encontrara como vestígios, meros alicerces e velhas cabanas meio soterradas. Com esse espírito e a chuva recrudescendo, Hiram resolveu voltar para a taberna. Sentou-se desolado fazendo um balanço mental das suas aventuras até aqui. Já perdera duas lhamas de transporte, três guias peruanos simularam alguma doença e sumiram na névoa andina e os quatro carregadores índigenas restantes moviam-se como se fossem tropeiros de lesma. Balançando a cabeça negativamente fez com que o taberneiro voltasse para atrás do balcão com a jarra de vinho. Ao perceber isso Hiram chamou o homem de volta, este retornou à mesa sem entender nada. Hiram não o convidou, mas mesmo assim o gordo e suarento nativo sentou-se num mocho ao seu lado:
_ Doutor! O senhor está perto de encontrar a vila perdida de Vilcabamba! Disse o taberneiro servindo o vinho.
Ele sabia muito bem do que o gordo estava falando, aliás também supunha que essa cidade teria sido o último reduto inca na luta contra os conquistadores espanhóis. Um pouco antes haviam descoberto uma crônica autobiográfica ditada por um dos últimos soberanos incas, que fornecia novos indícios sobre a localização da cidade. Sem saber o mínimo do que o arqueólogo estava pensando, o homem gordo pigarreou e recomeçou a falar com ar de entendedor:
_ Mas o Dr. sabe, se precisar de alguém para guia ou para chefiar a expedição eu estou à sua disposição! Olhou para o americano e não notou nenhuma reação, nem contra muito menos a favor. Então deu um suspiro e voltou para os seus afazeres dos quais também não entendia muito. Nem o explorador menos o taberneiro notaram que havia alguém atrás da porta
escutando atentamente a conversa.
Hiram aos 35 anos, parecia mais um homem de 50, não na sua aparência, mas nos seus olhos cheios de decepção. No ano anterior havia deixado o seu emprego de professor de História Latino Americana na Universidade de Yale. Já não possuia tantos recursos para empreender uma expedição como determinam os moldes do bom senso.
Segurava o copo cheio de vinho ainda intocado contra a luz da porta, quando uma sombra interrompeu a sua caleidoscópica visão. Hiram afastou o copo olhou para o recém chegado com o mesmo interesse que olharia um tatú cruzando a trilha. Mais alto que o próprio professor, o
desconhecido pelo povo local tirou o chapéu surrado e se apresentou:
_ Melchor Arteaga, seu criado. Ele já tinha ouvido frase semelhante umas duas mil vezes desde que chegou ao Perú, portanto aquela não lhe despertou de seu hibernar matutino. O homem não se mexeu do lugar e ainda de pé na frente da luz recomeçou sua fala:
_ Eu soube que o Sr. procura a cidadela perdida! mas tem que encontrar os "portais" primeiro.
Hiram pela primeira vez naquela manhã chuvosa abriu os seus olhos. Virou a cabeça lentamente e perguntou:
_ Portais?
_ Sim! Respondeu Melchor batendo a água de sua capa de lã.
O Arqueólogo já tinha estudado algo parecido ainda no início de seu curso com um velho professor que era considerado lunático pelos seus colegas. O tema não despertava muito interesse entre os alunos, mas ele costumava treinar seu lado esotérico lendo os textos do velho.
Mas não ouvira mais falar disso desde que o velho professor se aposentara. Como que voltando à vida Hiram puxou uma cadeira quebrada para o homem que recusando preferiu ficar de cócoras, posição que ele já estava habituado. O homem olhou para o cientista e reiniciou seu relato:
_ Os portais estão espalhados pelos caminhos da cidadela, mas quase ninguém sabe da sua
existência, na verdade poucas pessoas acreditam nisso! Também nem sabem identificar os portais, desse jeito nunca encontrarão Picchu!
Birgham quase caiu da cadeira. Arregalou os olhos e perguntou bem baixinho, tanto que o homem teve que esticar o pescoço na direção do professor:
_ Onde você ouviu esse nome?
_ Eu lembro muito bem o meu avô que era inca me contou a historia umas cem vezes. Ele repetia tudo uma porção de vezes e achava que nunca tinha contado! Respondeu Melchor dando uma risada meio abafada que acabou terminando num acesso de tosse com cheiro de tabaco.
_ Mas o que tem os portais a ver com essa história que o seu avô contava? Perguntou o moço coçando o nariz discretamente.
_ Não sei muito bem, mas segundo o meu avô eles indicam o caminho para Picchu!
_ Mas Picchu existe mesmo? Não é um mito?
_ Eu não sei o que é esse "mitu"?
_ Não, mito! Hiram soletrou a palavra.
_ Bom, o meu avô era inca ele sabia tão bem essa história que me contou duzentas vezes sem
trocar uma letrinha! Eram cem vezes! Pensou Bingham fechando os olhos levemente.
_ Isso prova que seu avô conheceu os portais então?
_ Meu avô conheceu Picchu!
_ Conheceu? Redarguiu Hiram franzindo as sobrancêlhas.
_ Ele disse!
_ Se você ver algum desses portais, vai saber reconhecer?
_ Tenho tudo aqui na cabeça! Respondeu Melchor batendo com o indicador na fronte.
_ E quanto você cobraria para me guiar até estes portais? Indagou o jovem com os olhos brilhando.
_ Eu? Eu não quero nada! Só um pouco do tesouro para dar uma vida melhor para a minha família!
O coração de Hiram Bingham disparou ao ponto dele achar que iria ter algum enfarte. Jamais a cidadela inca esteve tão próxima assim como naquele instante, mesmo que essa possibilidade estivesse vinculada à história de um velho indio e seu neto maluco.
_ E quando você pode partir nessa viagem? Perguntou ao nativo.
_ Quando o Sr. quiser, eu já me despedi das duas mulheres e dos oito filhos! Respondeu o homem não se atrevendo a gargalhar de novo.
Hiram pareceu não escutar a resposta. Imediatamente sua cabeça começou a trabalhar intensamente. Em segundos calculou o que poderia carregar com duas lhamas que restaram quantos carregadores ainda dispunha.
_ Pronto! Estou de volta na estrada rumo a Picchu! Falou para ele mesmo.
Nisso o gordo chegou com mais uma jarra de vinho e aproveitou para participar da reunião:
_ Bem então o Sr. vai partir em busca de Vilcabamba?
O nome desta cidade fez com que o professor parasse de sorrir. Exatamente era essa a sua busca, Vilcabamba, Picchu era um mito nunca existiu a não ser na cabeça destes dois, avô e neto.
Uma nuvem de dúvida voltou a pairar sobre a cabeça do soturno cientista. Melchor continuava de cócoras observando a jarra de vinho que nunca descia até a mesa. A conversa de Hiram com o
taberneiro não lhe dizia respeito, mas a sua divagação em torno da jarra de vinho foi interrompida pela voz do arqueólogo:
_ Você já ouviu falar de Vilcabamba?
_ Sim! Respondeu secamente o homem aproveitando um cochilo do gordo para pegar um copo cheio de vinho.
_ E o que você sabe dessa cidade? Hiram perguntou antes do pobre nativo levar o copo até a sua boca sedenta.
_ O Sr. me desculpa Dr. mas essa cidade não existe mais, sobrou pouca coisa dela!
_ Esse pobre homem não sabe o que está falando Dr. Vilcabamba existe e fica lá na montanha! Interrompeu o gordo muito irritado. Melchor olhou para Bingham e disse categoricamente:
_ Vilcabamba nunca foi na montanha, ela está milhões de metros antes! Falou com voz pausada.
Hiram descontou os mihões sabendo que uma característica dos nativos da região era de sempre aumentar as distâncias e alturas para dificultar a vida dos arqueólogos que vinham atrás dos tesouros. E essa estranha mania acabou se perpetuando ao ponto deles perderem a noção das medidas. O taberneiro parecia disposto a iniciar uma discussão com Melchor, neste momento o professor resolveu sair e levar o nativo junto. Os dois saíram da taberna, Melchor não conseguiu sorver um só gole de vinho. A chuva cedera em parte apenas uma chuvinha ainda caía sobre o vale imenso. Os dois pararam sob um precário toldo onde os viajantes deixavam as mulas e lhamas, Hiram quebrou o silêncio:
_ Você afirmou que Vilcabamba não é na montanha, não foi?
_ Sim!
_ Não há uma cidade perdida na montanha?
_ Sim! Picchu!
_ Picchu? Repetiu Hiram pensativo. Ele tinha um plano de encontrar a última cidadela inca que ele julgava perdida nas montanhas, mas que era Vilcabamba, pois Picchu era um mito. Agora ele tinha nas mãos um plano errado e um índio maluco que jurava que a cidade perdida era Picchu e não Vilcabamba. Bingham passou as duas mãos nos cabelos e suspirou. Finalmente após alguns segundos de brevíssima meditação, decidiu:
_ Vamos preparar os mantimentos Melchor e vamos partir para a montanha!
Melchor que até agora só ouvia não estava entendendo muito abriu os longos braços e exclamou:
_ Vamos Dr. Vim lhe encontrar para isso mesmo!
Após uma curta caminhada na lama os dois chegaram em uma espécie de galpão, ou que lembrava algo de um galpão. Embaixo do telheiro estavam uns dez nativos e quatro lhamas. Assim que entrou Hiram deu ordens para os indios carregarem as lhamas enquanto ele ficaria encarregado dos equipamentos técnicos como teodolitos, máquina fotográfica e algumas ferramentas de sondagem geológica. Melchor ficou parado olhando todo aquele movimento frenético o qual ele não estava entendendo absolutamente nada. Perto das doze horas, toda parafernália estava dentro das respectivas mochilas e sobre as lhamas carga pesada.
Os carregadores se dirigiram para fora do telheiro levando consigo todo o material e as lhamas.
Reuniram-se defronte o precário galpão esperando Hiram que terminava de preparar a sua mochila. Melchor continuava dentro do galpão de vez em quando dava uma olhadinha para o céu tentanto fazer uma previsão meteorológica. Hiram notando a ausência do nativo nos preparativos perguntou:
_ Não vai levar nada Melchor?
_ Ah! Para onde estão indo Dr.? Perguntou o homem sinceramente confuso.
_ Para a montanha oras! Respondeu o professor meio contrariado.
_ Mas professor, com essa carga toda nós não vamos passar da primeira puente!
_ O que você quer dizer?
_ Eu quero dizer que no máximo vamos chegar até a baixa da montanha com essa gente e toda essa carga aí!
_ Mas não podemos partir sem os mantimentos! Como vamos viver?
_ Mas professor, essas lhamas e esses carregadores com toda essa carga, vão morrer na primeira puente! Acho melhor eles ficarem aqui ou ficarem na baixa acampados!
Bingham olhava para Melchor sabendo que ele tinha razão, Mas alguma coisa estava errada e resolveu perguntar:
_ Por que você não quer os carregadores?
_ Professor eles só vão atrapalhar a gente! Nós não precisamos deles!
_ Então vamos todos até o sopé da montanha e lá decidimos o que fazer!
_ Certo! Respondeu Belchor fazendo um gesto que lembrava uma continência, o que arrancou um risada do cientista.
A jornada Começou logo após acertarem todos os pontos e posições das lhamas. Na frente Hiram e Melchor logo após dois guias oito carregadores e as lhamas fechando o cortejo. Melchor pegou a mochila pessoal de Hiram e colocou nas costas. De seu mesmo o nativo só levava um facão alguns amuletos no pescoço e uma pistola de dois tiros na cintura. De roupas para o frio, só a sua capa de lã que também servia para lhe proteger da chuva. O caminho era longo, no início tranquilo pois até o outro dia de manhã eles andariam por uma estrada de terra, portanto não precisariam nem acampar. O problema era a chuva que estava ameaçando cair a todo momento.
Após a noite toda caminhando e só parando algumas vezes para descansarem e comer alguma coisa rápida, a expedição chegou ao sopé da montanha. Neste momento Bingham compreendeu porque da aflição de Melchor com relação ao equipamento. Para atravessar as correntezas ruidosas do Rio Urubamba, só havia alguns longos troncos de madeira unidos por cipós. Essa era a puente. Então a partir dali era pegar as mochilas deixar alguém cuidando das lhamas e atravessar o rio. Engano, Melchor abriu os braços para impedir que os carregadores começassem a baldeação ao que Hiram perguntou:
_ Mas o que houve?
_ Não Dr.! Vamos só nós dois!
_ Mas e os outros da expedição?
_ O senhor me falou que estava sem dinheiro não falou?
_ Sim!
_ Acerte com a maioria e deixe apenas um acampado aqui com as lhamas vamos só nós para a montanha! Bingham não discutiu com o guia, novamente ele tinha razão.
Foi assim então que enquanto sua equipe voltava para o "conforto" da vila, Hiram Bingham e seu então já fiel guia Melchor Arteaga partiram para os dois picos além do rio. Melchor apontou para as duas pontiagudas montanhas e disse os nomes: "Huayna Picchu e Machu Picchu" Bingham anotou os nomes em sua cardeneta deu para Melchor um dolar de prata. O nativo que não esperava aquilo abriu um sorriso e colocou a moeda no bolso. Hiram até pensou que o indio se emocionara, bem pelo menos um pouco. Engano Melchor não se emocionaria, ainda.
Continuaremos
domingo, 8 de março de 2009
Mulheres
Na minha ignorância, não me atrevo em escrever um poema homenageando as mulheres em seu dia. Não vou nem tentar! Vou ficar longe do "Quero poema", enquanto durar essa tentação.
Por essa razão me recolho dentro do "Faunos e mitos", e vou tentar escrever alguma coisa para homenagea-las! Elas que são mitos e talvez faunesas. Ou são faunesas e talvez mitos? Tanto faz.
Começando pelos mitos, eu lembro a minha preferida; Joana D'Arc. Milla Jovovich (foto) interpretou essa mulher maravilhosa de forma tão surpreendente que eu assisti seu filme três vezes no cinema, e o DVD, mais algumas dezenas. Só a boca da Milla já valeria o filme, mas sem dúvida dá para assistir o resto. Outros mitos mundiais que poderia citar, não são tão célebres quanto Joana D'Arc! Quem sabe a madre Tereza de Calcutá, Indira Ghandi, Helena de Tróia e Margareth Tatcher. Quem? É sim a dama de ferro! Tremendo mito.
Não vou citar nenhuma santa, por acreditar que santos são invenções! Até porque não teria espaço para tanta gente. Lembro de Michelle Pffeifer, hummmm, não chega a ser mito, mas saiam da frente! É linda para mais de quilometro.
Tem mitos brasileiros? Tem sim senhor. Exemplos: Anita Garibaldi, Olga Benário, Elis Regina, Carolina Kersting, Clarice Lispector, Tomie Ohtake, Cora Coralina, Luiza Erundina e todas as minhas amigas blogueiras.
Pera aí! Luiza Erundina? E o que tem isso? É mulher! Não é? E um mito, lá em SP, em alguns lugares pelo menos! Ou era. Tá legal, vamos riscar a Erundina.
Vou ter que me desculpar, pois devo estar cometendo muitas injustiças! Mas não é possível para mim lembrar tantas mulheres magníficas. Mito é uma maneira que escolhi para diferenciar um pouco, umas das outras! Pois na verdade são todas maravilhosas e no mesmo nível.
E as faunesas? Bom! Como eu não conheço nenhuma, vou ficar na lista dos mitos, que por certo já vai me arrumar encrencas.
Eu estou tentanto homenagear as mulheres em seu dia, sem parecer machista, porco chauvinista ou gay. Tenho certeza que em alguma destas categorias vou ser enquadrado! Mas não posso fazer nada, isso é o que eu sei sobre o gênero que é superior ao meu. O único momento que elas provam que não são tão superiores assim, é quando casam. Mas dizem que o gênero masculino parou de evoluir ainda na idade média! E as mulheres continuam evoluindo! Se a coisa continuar assim, em breve as mulheres vão criar a autoreprodução. E aí vão querer homem para quê?
Enquanto esse dia não chega, eu digo:
Feliz dia internacional das mulheres.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Uma finalidade para Stonehenge.
Antes de falar em finalidades, vamos nos debruçar sobre a discussão em torno da idade deste monumento.
Alguns citam 3.500 a.C. como a "suposta" data de construção! Outros já falam em 10.000 a.C.
Bem aí já estaríamos tangenciando a fabulosa Atlântida, portanto vamos nos deter em 3.500 a.C.
A alotropia do C14 não entrou nessa conversa, pois de nada adiantaria determinar a idade dos monólitos! Conclusão: Não sabemos a idade de Stonehenge.
Mas sabemos que o tipo humano habitante da planície de Salisbury nesse período não passava da barbárie. E esse estado não se modificou muito até as invasões romanas em 50 a.C.
Finalidades.
A primeira função que se imagina para uma construção dessas, é a de um templo! Certamente o povo da região se reunia neste prédio para homenagear os seus deuses e aproveitavam para decidirem suas questões sociais e comerciais em assembléias presididas por algum tipo de chefe, ou druida.
A segunda, seria a de um "Soláris"! O sol no solstício de verão nasce entre Heel Stone e outra pedra que já não se encontra no local, para incidir seus raios nos corpos de célebres chefes sepultados nos 56 Aubrey Holes. Essas covas simbolizavam a entrada do submundo. A função dos raios de sol seria iluminar os corpos e inspirar a vida! Talvez uma nova vida!
A terceira finalidade, foi proposta pelo astrônomo americano Gerald Hawkins que uitilizando um computador, decodificou o alinhamento das pedras e concluiu que Stonehenge constituía um sofisticado observatório astronômico.
Perguntas.
Como um povo ainda na idade da pedra iria construir algo muito além de sua capacidade, para servir de templo ou um local de reuniões das tribos? Sabemos sem dúvidas, que para construir esse templo, seriam necessárias horas infindáveis de trabalho e uma tecnologia no mínimo razoável! Coisa que o povo da época não possuia.
Para que um povo usasse um prédio dessas proporções somente para iluminar corpos cremados, teria que estar num estado bem mais avançado. De que serviria essa cerimônia para um povo tão atrasado? Há quem diga que o templo é nada mais nada menos que um calendário para ser consultado por agricultores! Penso que isso estaria mais distante ainda, pois os habitantes da região na época, não tinham atingido esse estágio.
Quanto a teoria de Gerald Hawkins, só podemos perguntar uma coisa: Para quê um observatório astronômico num lugar inapropriado e construído por um povo primitivo?
Algumas crenças populares atribuem ao mago e druida Merlin, a construção do templo. Isso realmente é impossível, pois sabemos que se existiu esse druida, foi em 500 d.C. Não poderia ter participado dessa obra.
Na verdade não sabemos quem construiu Stonehenge, só sabemos que não seria por um povo primitivo e sem qualquer tipo de tecnologia, para movimentar e suspender massas tão grandes.
As finalidades de Stonehenge são tão enigmáticas quanto a sua origem. Somente um povo adiantado e com conhecimento no mínimo razoável teria interesse, numa construção desta magnitude. O monumento não é tão somente o círculo de trilitos que hoje conhecemos! Stonehenge faz parte de um imenso complexo "religioso" que reúne além dele, o Henge de Avebury, cujas origem e finalidades, também se perdem nas brumas dentre os rios Avon e Kennet.
O que talvez realmente importe, é que o fascício e o poder de Stonehenge dura até os nossos
dias. Não sabemos se foi construído por seres superiores a nós mesmos, ou por uma civilização há muito desaparecida, contudo, sabemos que trata-se de uma peça importantíssima no quebra-cabeças da trajetória humana! O complexo de Wiltshire está num centro de convergência
magnética, portanto sua concepção não é casual. Stonehenge é sem dúvidas o ponto catalizador de toda essa energia, portanto um poderoso magneto. Seus poderes são resgatados ainda hoje pelos druidas modernos! Estes se reúnem anualmente, atraindo místicos do mundo inteiro. Os benefícios dessa imensa energia são desconhecidos pelos leigos, mesmo entre os iniciados, poucos são os que conseguem discernir as ondas energéticas provindas de suas pedras colossais.
A relação entre os antigos druidas com o monumento não é comprovada! Mas sabemos que alguma energia originária do local podia ser captada, até em florestas distantes pelos magos antigos. Falaremos um pouco sobre tal força e como os druidas conseguiam captá-la.
Em outro dia..
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Stonehenge O Templo do Misticismo
O mais impressionante monumento megalítico do mundo, tem sua origem obscura! Inclusive o tipo humano que ergueu esse templo, não é conhecido com certeza.
A finalidade deste edifício imenso, também não está clara! Há uma série de especulações que variam desde sua função como templo, como portal, como magneto para comunicações e mais algumas funções que não podem ser comprovadas!
Os antigos Saxões chamavam de Hanging Stones, (pedras suspensas). Na idade média, os intelectuais da época costumavam chamar de Dança dos Gigantes. Os dois nomes são tão impressionantes quanto o próprio templo.
Inigo Jones arquiteto do século XVII, foi um dos primeiros a estudar Stonehenge. Naquele tempo ele considerou o monumento como um templo romano. Porém Willian Stukeley, um estudioso desse tipo de construção, conseguiu implantar a idéia que o templo fora construído pelos druidas britânicos.
Somente no século passado, os arqueólogos chegaram a uma conclusão quanto a idade e finalidade de Stonehenge. Entretanto essas idéias sempre encontram opositores, e com certa frequência instauram uma grande polêmica.
Os arqueólogos ingleses chegaram ao consenso no tocante à idade de Stonehenge. A construção do monumento teria se iniciado cerca de 3.500 a.C. Richard Atkinson declara em 1950 que o templo era constituído por uma formação circular e em torno dela, 56 fossas que são hoje conhecidas por Aubrey Holes. A primeira pedra ereta, Heel Stone, foi colocada no lado de fora em frente da única entrada da construção. Novos construtores 200 anos depois, edificaram uma avenida de monólitos até o rio Avalon. Para fazer essa avenida de 3,5 km, os construtores usaram 80 blocos de pedra das montanhas de Prescelly, distantes 320 km já no sul do País de Gales. Como eles fizeram isso? É outro mistério que ronda Stone Henge. Segundo as teorias mais aceitas, eles teriam arrastado as pedras até o próprio rio Avon e deslizado nas águas tranquilas até onde as pedras foram novamente arrastadas e colocadas cada uma em seu lugar. Essas pedras de 4,5 toneladas estavam resolvidas. E as pedras de StoneHenge?
Dá para imaginar monólitos de 26 toneladas sendo arrastados. E para construir os "trilitos"? Que são aquelas ferraduras invertidas, duas pedras justapostas de 20 toneladas cada, encimadas por outra com mais ou menos a mesma massa. Para quem já movimentou massas monolíticas semelhantes a essas, sabe muito bem do que estou falando.
Daqui alguns dias, vamos escrever sobre a finalidade de Stonehenge, sobre a qual já se disse uma centena de coisas.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Vida. Como será após ela sair?
A questão da vida após a morte é um tema palpitante e constante no imenso arquivo humano de aflições.
Os antigos egípcios já tratavam a vida após morte como algo realmente plausível. Nenhum egípcio fosse rico ou pobre, duvidava que iria viver após a sua vida terrestre "sair".
A mumificação não é ponto determinante para nos dar certeza que a civilização egípcia acreditava mesmo nisso, pois nem todos eram mumificados! As múmias não existiam só para isso, tanto que eles mumificavam os variados seres e nem todos, eles acreditavam que iriam acordar na eternidade. O touro Ápis por exemplo, esse recebia um tratamento nada honroso em se tratando de múmias! O touro era simplesmente esmagado até triturar os ossos reduzindo-os ao tamanho de um osso de passarinho! Depois era misturado à uma massa de betume, extremamente mal cheirosa e aí sim montado como um touro mumificado! Mas para quê? Certamente não era para na eternidade o touro sair andando triturado dentro de uma embalagem de betume.
Dos antigos até nós, muitos milhões de pessoas morreram, ou suas vidas saíram! E...Onde estarão agora??? O que estariam fazendo? Seriam ainda as vidas dos que morreram? Como se poderia identificá-las? Será que voltaram para a Terra? E quem estaria coordenando esse movimento constante de vidas que saem e vidas que entram? As vidas que saem carregam consigo alguma coisa? Mas como? Alguém já viu alguma vida que saiu? Era igual ao morto?
Nós poderiamos ficar perguntando durante uma "vida" inteira e não esgotariamos as questões.
E o pior é que ninguém responderia algo que pudessemos acreditar seguramente.
As religiões explicam tudo, mas não comprovam nada! A ciência, mesmo a quântica, tenta comprovar para depois explicar e não faz uma coisa nem outra.
A reencarnação é algo difícil de entender! Diriam os estudiosos do assunto; " claro isso não é para qualquer um ". Também acho! Mas só uma perguntinha, se nascem e morrem pessoas, vidas entram vidas saem, a reencarnação faz hora extra, como é que a população mundial só faz aumentar???
Bom a reencarnação certamente não vai responder coisa alguma! Nosso tema é o que acontece com as nossas vidas? Como será a vida lá.. Em qualquer lugar?
Nós temos que ser um pouco céticos, pois se não, estaremos fazendo o papel de tolos e os sabichões empurrando qualquer coisa nossa goela abaixo. E neste ceticismo vamos indagando, mas se alguém responder não vamos acreditar! Sabem por que? Porque ninguém sabe a resposta.
O que podemos fazer então? Imaginar as coisas! Cada um cria o seu lugarzinho para morar, o seu não, o da vida depois que ela sair. Meu pai já achou esse lugar, até tem nome e localização cardeal, o lugar dele é no leste! Só não me diz e para ninguém o nome do planeta.
Temos que pensar nisso! E seriamente! Até agora não fiz isso e essa busca deve começar logo, ainda mais que as coisas podem explodir nos próximos dois anos. Portanto temos pouco tempo e o assunto realmente é sério.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Uma certa manhã do ano 49 AC
Acordei cedo! A minha garganta estava seca
como as estradas de Híspalis.
Jurei por Juno nunca mais beber o vinho gaulês.
Como sempre não cumpri o juramento, agora estava me sentindo
o último dos homens.
Desci para o átrio, não quis comer nada e continuei descendo
até chegar ao meu jardim favorito.
Meu servo hebreu recebeu-me com uma longa reverência, como se fosse
a primeira! Ou a última.
Ao erguer-se eu notei que havia chorado! Intrigado perguntei:
_ O que aconteceu Jessé?
O homenzinho nada respondeu, limitou-se em baixar a cabeça! Repeti a pergunta,
a resposta veio em forma de um pedido:
_Senhor, não vá ao senado hoje!
Olhei espantado e sorri! Mas resolvi deixar aquela conversa de servos para outro dia.
Comecei o meu caminho pela alameda sentindo o frescor primaveril que emanava das
árvores frondosas. Ia caminhando e lembrando que Jessé era um servo dado ao ocultismo, coisas
meio obscuras que ele trouxe da Palestina. De vez em quando vinha com
essas estórias de visões e pressentimentos! Não consegui evitar uma gargalhada, realmente
eu nunca acreditei nessas superstições bárbaras.
Ao chegar no portão principal encontrei Marco Antônio. O rosto sereno do meu velho amigo me fez esquecer por completo a conversa do servo hebreu. Uma liteira nos esperava, enquanto os quatro núbios corriam pelas ruas eu pensava no meu discurso daquele dia importante.
Não gostava de fazer planos nem anotações, mas confesso que sentia falta de uma pequena orientação prévia! Sorri em pensamento, pois isso nunca havia me passado pela cabeça.
Ao chegarmos nas imediações do senado, notei que duas figuras conhecidas esperavam
não sei por quem! Parados no último degrau da grande escadaria Crassus e Públio sorriam
de modo estranho! Assim que Marco Antônio desceu da liteira, os dois se aproximaram e fizeram-no parar, estranhei mais ainda quando eles levaram Antônio para fora do recinto do senado! Mas não dei muita importância e fui subindo as escadas! Foi a subida mais longa da minha carreira, pois em cada dois ou três degraus era obrigado a parar para atender senadores que me beijavam as mãos e pediam perdão. Quando conseguia me livrar de um grupo logo em seguida outros me abordavam! Aquilo se seguiu até eu gritar uma ordem para que me deixassem
seguir. Não pude conter a minha cólera, isso fez com que aqueles que ainda não tinham chegado a mim desistissem completamente.
Consegui finalmente entrar no grande saguão! Assim que coloquei a minha toga de senador comecei a receber punhaladas de todos os lados. Mas eu não sentia dor! Meus olhos estavam de forma tal fixos no corredor que terminava na parede donde o busto de Pompeu me observava.
Mas eu não olhava para Pompeu, meus olhos estavam voltados para uma outra pessoa, um rosto de um amigo, um filho que eu amava. As punhaladas continuaram, mesmo assim consegui me livrar dos agressores e corri até essa pessoa! Parei diante dele, com as duas mãos sobre seus ombros perguntei: " Tu quoque, Brute filli mei"? A resposta não demorou! Uma pulhalada certeira vinda de quem eu jamais desconfiara, penetrou fundo em meu peito.
Foi o único golpe traiçoeiro que eu realmente senti! De todos os golpes que recebi, foi só este que doeu! A dor de toda uma vida estava concentrada naquela lâmina. Caí de joelhos em frente ao busto de meu inimigo, com as últimas forças olhei para a escultura, Pompeu sorria! Fechei meus olhos no centro de uma poça de sangue, para abri-los aqui, donde pretendo observar os destinos de minha cidade! Destinos esses que ficaram nas mãos do meu sobrinho, aquele que fez com que o meu fiel amigo Antônio traísse a minha memória e não conseguisse viver a sua culpa! Aquele que quis a mulher que eu amei para si, não conseguindo fez com que ela morresse sobre o corpo de Marco Antônio! Esse mesmo homem se auto intitula Augusto e carrega o meu nome como sinistro despojo.
Hoje converso com Jessé, que morreu de tristeza quando eu não quis ouvi-lo! Ele está ao meu lado! Já não é meu servo, somos iguais neste lugar! Talvez meu único amigo em vida,
continua ao meu lado,
fez questão de vir horas antes
e me esperar.
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