quarta-feira, 24 de março de 2010

Obra prima. - White Album by The Beatles



Antes de tudo uma afirmação, " ninguém chega onde os Beatles
chegaram por mero acaso".
Penso que não precisava escrever isso, mas tenho que tomar
algumas precauções ao abordar um fato concreto com um conteúdo
místico.

Ano de 1959, local, uma esquina qualquer da cidade operária de Liverpool.
um menino canhoto e criativo encontra outro menino de inteligência
sagaz e altamente politizado. O resultado todos nós conhecemos.
Nasce um mito. Uma verdadeira máquina cultural que revoluciona
o mundo com sua mensagem abrangente e comunicativa.
Deste encontro aparentemente sem significado até o rompimento
da banda em 1970, uma super onda de força inimaginável se espalhou
pelos quatro cantos do planeta, transformando-se num fenômeno
de comunicação inigualável até hoje.
Muitas coisas nasceram das cabeças iluminadas de John, Paul, George
e Ringo. Como um toque de "Midas" tudo em suas mãos se transformava
em ouro. O amadurecimento do grupo era perceptível a cada album que
lançavam. Do primeiro "Beatlemania" até o "Let it be",
foram mais de quatrocentas músicas gravadas ou não que até nos
dias de hoje são cantadas e ouvidas no mundo inteiro.

Em meio dessa explosão criativa, os Beatles legaram ao universo
uma dúzia de obras primas pelo menos, sendo uma delas o famoso
álbum branco o duplo "White Album". A música pop virou arte
a partir deste disco, no entanto, foi alvo das mais severas
críticas até então dirigidas ao quarteto. Entre razões citadas
para tanta rejeição estava o fato do disco conter muito material
para um duplo. Isso determinou, segundo os críticos que escutar
o disco era uma jornada enfadonha e chata que se ficava o tempo
inteiro tentando entender ruidos e sons estranhos à música, em
alguns casos, isso fez com que algumas pessoas que adquiriram a obra
tentassem a sua devolução alegando defeito.
Sobre essa críticas, Paul McCartney disse a seguinte frase "o excesso
de informações é exatamente o charme desse album, daqui quarenta anos
ele ainda estará atual". Paul criticou os críticos e encerrou a discussão
com um golpe de mestre. Sobre o excesso de informação, só podemos
afirmar que ele tinha razão, o disco é primoroso. O conteúdo
eclético é fantástico, cheio de inovações em termos de arranjos
e orquestrações assinadas por George Martin.

Ruidos estranhos.

A parte boa dessa passagem é o fato dos tais ruídos estranhos
à música existirem mesmo, mas nunca foram detectados pelos
Beatles, pelo menos nas mixagens. Essas alterações sonoras
não são tão raras nas gravações analógicas, principalmente as
feitas antes da década de setenta, mas em se tratando de
Beatles, realmente não são normais. Na música "A day in the life"
que não faz parte deste album é onde se percebe ruidos mais
intensamente, mas no disco em questão, pelo menos quatro faixas
são notadas essas interferências.

Revelações.

Há ligações interessantes destes ruidos com algumas revelações
importantes realizadas no início daquele ano de 1968, época em
que a banda entrou no estúdio para gravar. Uma dessas revelações
seria a grande marcha estudantil realizada em Paris que acabou
se espalhando pelo mundo inteiro. Outras, os protestos contra
a guerra do Vietnã e o assassinato de Matin Luther King, ambas
nos Estados Unidos e a primavera de Praga na Europa.
Detalhe importante, a maioria desses acontecimentos ocorreram
antes da gravação do disco, portanto, não podem ser considerados
previsões. Se há alusões a eles só podem ser propositais.
Embora se diga que nada possa ser provado, há muitos que afirmam
ouvirem previsões em idiomas estranhos entre os intervalos mudos
do disco. Para conseguir isso é necessário ouví-lo em equipamentos
de áudio especiais com pureza digital. É bom saber disso, ainda
mais que na época que o disco foi gravado esses equipamentos
não existiam.

Confesso que nunca ouvi nada estranho neste disco e toda vez
que escuto isso é o que menos me preocupa. Uma banda como
The Beatles não precisaria de artifícios para alcaçar o sucesso
e nem chegaria no estágio em que chegou sem gerar
uma série de lendas. Uma delas é que Paul teria morrido
um pouco antes de gravar o White e que sua morte estava
prevista na capa do "Sgt. Pepper's". A música "Júlia" na
verdade, não teria sido composta, então não existia, mas no
final das gravações estava lá integralmente com arranjos vocais
e uma série de ruidos imperceptíveis nas eletrolas disponíveis
na época. A faixa "Revolution" é resultado de uma coversa
entre John Lennon e o filósofo Karl Marx no Royal Park em Londres,
só que o pensador alemão já havia falecido há muitos anos.
Júlia era o nome da mãe de John. Ringo se ausentou do estúdio
durante as gravações e teria participado de apenas oito faixas,
no restante do disco não se sabe quem tocou a bateria.
Ringo jura que foi ele.

"White Album", uma obra prima da maior banda de rock de todos
os tempos é também uma página na arte moderna ainda muito
atual cercada de mistérios e lendas, como não
poderia deixar de ser.

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