Qual teria sido a verdadeira motivação para dois inimigos históricos esquecerem todas as diferenças e unirem-se para atacarem um terceiro inimigo? Que poder imenso possuía este, ao ponto de Portugal e Espanha juntarem seus exércitos?
As duas potências não temiam o poder bélico de um exército de indígenas. Nem poderiam temer, meia dúzia de missionários que estavam mais preocupados em disseminar a fé cristã, do que qualquer outra coisa. O maior temor que os reis de além mar tremiam só de lembrar, era o poder de uma idéia nova que surgia naquelas terras distantes.
A estrutura de uma sociedade na época, não passava de feudalismo disfarçado em monarquia. Entretanto do outro lado do Atlântico, emergia das pampas e das savanas sul americanas uma sociedade altamente desenvolvida. Uma sociedade cheia de realizações tanto no campo filsófico, como no industrial. Baseadas na produção agropastoril, as Reduções Jesuíticas agregavam um desenvolvimento tecnológico sem similar no velho mundo. Juntamente com a metalurgia, floreciam uma produção artística e uma completa estrutura educacional comparáveis às existentes na Europa.
Essa idéia deveria ser eliminada totalmente. Não somente estirpada, mas sepultada em todos os níveis. As duas potências pressionaram a Igreja que por sua vez decidiu pela morte de todos os padres e índios missioneiros. A participação dos Cardeais foi decisiva, pois eles forneceram a localização das Reduções em detalhes.
Canhões e mosquetes contra lanças e flechas de madeira. Resultou em mais de 500.ooo indígenas, entre adultos, velhos e crianças "selvagemente" trucidados.. O episódio só se compararia à última das guerras Púnicas entre Roma e Cartago. Tal como a grande capital de Aníbal, as reduções foram destruídas, seus rebanhos e plantações saqueados e muheres com crianças mortas como se fossem animais no abate. Nada, além de ruinas sobrou para que a história fosse contada. O sonho de uma sociedade democrática somente voltou a ser ventilado 150 anos depois. A civilização Guaraní vive na memória do sul do Brasil. Os sete Povos das Missões guardam suas ruinas como uma bandeira que nunca mais foi hasteada.
2 comentários:
Lindo este texto, Ricardo!
Relmente uma história impressionante como impressionante é a sensação qdo. se está nesse local.
Emoção é pouco pra dizer algo a respeito.
A foto que ilustra teu texto, também muito boa. Só que não me achei! Não consegui saber de que ângulo a foto foi feita. Enfim, tb. isto não tem importância...
Um abraço
Também gostei muitíssimo do texto meu amigo, muito bom! bjs
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